Manaus, 24 de agosto – Foi realizada neste sábado a Conferência Internacional das Favelas (IFC20 ou G20 Favelas) - Etapa Estadual Amazonas que reuniu cerca de 120 pessoas entre lideranças comunitárias, comunidades quilombolas do estado, favelas, autoridades governamentais e representantes da sociedade civil no auditório da Sede Administrativa do Tribunal Regional do Trabalho do Amazonas e Roraima (TRT 11).
A Conferência, organizada pela Central Única de Favelas (CUFA/AM), em parceria com a CUFA Global, Frente Nacional Antirracista (FNA) e Frente Parlamentar das Favelas, contou com o apoio estadual do Instituto Evereste. O evento teve como foco a discussão de temas ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, promovendo justiça social para as favelas e periferias.
Com o apoio do Tribunal Regional de Trabalho do Amazonas e de Roraima (TRT11), que cedeu o auditório para as discussões de propostas, o evento contou com a participação do presidente do TRT11, o desembargador Audaliphal Hildebrando da Silva, que em seu discurso de boa vindas destacou sua trajetória como ex-morador de favela e garantiu que as comunidades vulneráveis sempre terão espaço dentro do TRT-11. “Eu já estive aí, onde os senhores estavam. Os senhores sabem as barreiras que nós enfrentamos, que não são poucas. Essa reunião é importante para que as pessoas desses grupos sejam tratadas com dignidade, essa é nossa meta.”, declarou.
O presidente do Instituto Evereste, André Fabiano Pereira, em seu discurso de abertura, destacou a importância da Conferência para unir esforços na busca por mudanças. “Hoje é um dia de mobilização nacional orquestrado para demonstrarmos nossa força e determinação para mudança que vem das periferias. Lembro que essa é uma luta pelo futuro vitorioso. É um movimento de conquistas e de ocupação de espaços que dificilmente nos são facilitados.”, declarou.
O desembargador recebeu uma homenagem do presidente do Instituto Evereste em forma de discurso e de um certificado de reconhecimento pelo seu apoio e contribuição para realização do evento, além da gratidão pelo seu empenho em promover a justiça social e a construção de um futuro mais digno e igualitário. Em seu discurso o presidente do Instituto Evereste destacou que Audaliphal mudou sua vida e é uma inspiração para o povo negro na ocupação de novos espaços. E trouxe a história do desembargador como uma continuação do legado de Zumbi de Palmares. “Viemos falar de luta, de demandas e de necessidade de avanço em todas as áreas de nossas vidas. Então, por que não começamos essa jornada e nos inspirarmos nesse homem (Audaliphal), e darmos prosseguimento no legado de libertação de Zumbi dos Palmares?”, finalizou.
Alexey Pereira, presidente da CUFA/AM, declarou durante a abertura que é inspirador ver tantas representações unidas. “Nossa união, nosso quantitativo, é a demonstração de força necessária para que possamos ser ouvidos em qualquer lugar do mundo. Contamos com cada membro aqui para fazer reverberar cada política votada, para que possamos debater e levar mais dignidades para as famílias nas favelas, periferias e comunidades.”, afirmou.
Durante o evento, os participantes discutiram propostas para enfrentar os desafios sociais e econômicos das favelas amazonenses, abordando os eixos temáticos: 1 – a redução das desigualdades, combate à fome e à pobreza; 2 – sustentabilidade; 3 – direitos humanos, raça e gênero; 4 – desafios globais enfrentados pelas favelas e áreas periféricas.
As discussões fortaleceram a inclusão social em nível global, destacando a importância de políticas públicas mais inclusivas e eficazes para atender às necessidades específicas das comunidades amazonenses. A partir das reflexões geradas na conferência, as propostas foram votadas e consolidadas em um documento que reúne as demandas locais que irão compor um documento nacional que será apresentado na etapa brasileira do Fórum Mundial das Favelas, que acontecerá em novembro no Rio de Janeiro, em paralelo ao G20 Brasil.
Participantes
A vice-presidente da Federação das Organizações Quilombolas do município de Barreirinha, Maria Amélia dos Santos, do Quilombo do Rio Andirá, declarou que é gratificante saber que existem pessoas que se preocupam e reconhecem a existência as comunidades periféricas como quilombolas, ribeirinhos e povos extrativistas. No evento, suas reivindicações foram por maior acesso das comunidades a direitos básicos. “Quero levar educação, saúde, atenção à agricultura familiar. Dentro das nossas comunidades nós também precisamos de transporte, que a gente passa por todas essas dificuldades dentro dos nossos interiores.”, explicou.
Keilah Fonseca, presidente da Associação Crioulas do Quilombo Urbano do Barranco de São Benedito, contou que a Conferência gerou muitas expectativas para que as demandas sejam levadas ao G20. “Para que possamos ter políticas voltadas para nossas comunidades, que são tão discriminadas, precisamos muito da atenção do poder público, já que nossas maiores necessidades são nas áreas da educação e saúde.”, finalizou.
Gabriella Campezatto, Secretária Executiva de Direitos Humanos da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania, afirmou que é importante a participação dos movimentos na avaliação das propostas elaboradas, reconhecendo as particularidades do Estado. “As propostas são voltadas à temática dos direitos humanos, que envolvem vários eixos da sociedade. São propostas que estão adequadas a nossa realidade, do Amazonas, que tem certas particularidades como a população indígena, os povos originários, ribeirinhos. E política pública não se constrói sem a participação desses movimentos sociais da sociedade civil.”, declarou.
Coordenadoria de Comunicação Social
Redação e imagens: CCS/Evereste